António Vieira
Portugal
6 Fev 1608 // 18 Jul 1697
Padre/Escritor
6 Fev 1608 // 18 Jul 1697
Padre/Escritor
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Quem pode mostrar em sua mão os despojos, sempre tem por si a presunção da vitória.
A natureza fez o comer para o viver e a gula fez o comer muito para o viver pouco.
A maior gula da natureza racional é o desejo de saber.
Nascer pequeno e morrer grande é chegar a ser homem.
Lembra-te, homem, que és pó levantado e hás-de ser pó caÃdo.
A mim não me faz medo o pó que hei-de ser; faz-me medo o que há-de ser o pó.
O pó futuro, o pó em que nos havemos de converter, vêem-no os olhos; o pó presente, o pó que somos, nem os olhos o vêem nem o entendimento o alcança.
Não está o erro em desejarem os homens ser, mas está em não desejarem ser o que importa.
Sendo muito poucos no mundo os homens que podem luzir, aqueles diante dos quais se possa luzir, ainda são muito menos.
O ofÃcio há-de transformar-se em natureza, a obrigação há-de converter-se em essência, e devem os homens deixar o que são, para chegarem a ser o que devem.
