Atentai por uma alma que se esquece / De si, porque em vós pôs sua lembrança, / E tal que em nenhum tempo desfalece.

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E o nó que me tem preso é de tal sorte, / Que não se há de soltar em vida ou morte.

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Contigo em toda parte me hás-de achar; /Que a chama que me abrasa é de tal fogo, / Que, enquanto eu vivo for, há-de durar.

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Oh! quão caro me custa o entender-te, / Molesto Amor.

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Cega! que não conhece / Que pode haver ferida / Na alma, e que menos dói perder a vida!

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Lembre-vos um amor que, cada dia, / Em mim tão verdadeiro e firme crece / Que alheio me traz já do que soía.

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Pera quem as conchinhas ruivas cavo / Na praia, os brancos búzios apanhando? / Pera quem, de mergulho no mar bravo, / Os ramos de coral venho arrancando?

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O meu peito, onde estais, / É, pera tanto bem, pequeno vaso.

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Sois claro raio, sois ardente chama.

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Aqui com elas fico perguntando / Aos ventos amorosos, que respiram / Da parte donde estais, por vós, Senhora; / Às aves que ali voam, se vos viram, / Que fazíeis, que estáveis praticando, / Onde, como, com quem, que dia e que hora?

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