Publicidade

Mário de Sá-Carneiro

Portugal
19 Mai 1890 // 26 Abr 1916
Poeta/Contista/Ficcionista

Publicidade

Salomé

Insónia rôxa. A luz a virgular-se em mêdo,
Luz morta de luar, mais Alma do que a lua...
Ela dança, ela range. A carne, alcool de nua,
Alastra-se pra mim num espasmo de segrêdo...

Tudo é capricho ao seu redór, em sombras fátuas...
O arôma endoideceu, upou-se em côr, quebrou...
Tenho frio... Alabastro!... A minh'Alma parou...
E o seu corpo resvala a projectar estátuas...

Ela chama-me em Iris. Nimba-se a perder-me,
Golfa-me os seios nus, ecôa-me em quebranto...
Timbres, elmos, punhais... A doida quer morrer-me:

Mordoura-se a chorar--ha sexos no seu pranto...
Ergo-me em som, oscilo, e parto, e vou arder-me
Na bôca imperial que humanisou um Santo...

Mário de Sá-Carneiro, in 'Indícios de Oiro'
// Consultar versos e eventuais rimas




Publicidade

Publicidade

Outros Poemas de Mário de Sá-Carneiro:

Publicidade

Facebook
Publicidade

Publicidade

© Copyright 2003-2021 Citador - Todos os direitos reservados | SOBRE O SITE