Uma cidade pode ser/ apenas um rio, uma torre, uma rua/ com varandas de sal e gerânios/ de espuma. Pode/ ser um cacho/ de uvas numa garrafa, uma bandeira/ azul e branca, um cavalo/ de crinas de algo...

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Homenagem a Federico García Lorca/ / Dormir um pouco — um minuto,/ um século. Acordar/ na crista/ duma onda, ser/ o lastro de espuma/ que há no sono/ das algas. Ou/ ser apenas/ a maré, q...

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Onde se diz espiga/ leia-se narciso./ Ou leia-se jacinto./ Ou leia-se outra flor./ Que pode ser a mesma./ / As flores/ são formas/ de que a pintura se serve/ para disfarçar/ a natureza. Por isso/ Ã...

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Sei agora/ que a paixão/ é azul e coroada/ como o sangue e a cabeça/ das rainhas. Que tem/ nome de flor/ e é ímpar. Porque,/ se o não fosse,/ não seria paixão./ / Albano Martins, in CastÃ...

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Espreguiçados, os ramos/ das palmeiras filtram/ a luz que sobra/ do dia. É já noite/ nas folhas. O branco/ das paredes recolhe/ o sangue e o vinho/ de buganvílias/ e hibiscos. Bebe-os/ de um trag...

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O mundo, dizias tu,/ não é só dos pássaros/ e do vento, o mundo/ é também nosso. Foi/ por isso, poeta,/ que encheste/ uma gaveta/ de nuvens com a memória/ das palavras e acendeste/ no chão/ d...

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Levarás/ pela mão/ o menino/ até ao rio. Dir-lhe-ás/ que a água é cega/ e surda. Muda,/ não. Que o digam/ os peixes, que em silêncio/ com ela sustentam/ seu diálogo/ líquido, de líquidas/ ...

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Mãe:/ Por quem/ os sinos/ dobram/ assim?/ / É por ti/ / ou por mim?/ / / / / Albano Martins, in 'Antologia Poética'...

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