Alberto Caeiro
(Heterónimo de Fernando Pessoa)

Portugal
n. 16 Abr 1889
Poeta

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116 Poemas

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Passou a Diligência pela Estrada (71)

Passou a diligência pela estrada, e foi-se;/ E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia./ Assim é a acção humana pelo mundo fora./ Nada tiramos e nada pomos; passamos e esquecemos;/ E...

Creio que Irei Morrer (72)

Creio que irei morrer./ Mas o sentido de morrer não me move,/ Lembro-me que morrer não deve ter sentido./ Isto de viver e morrer são classificações como as das plantas./ Que folhas ou que flores...

Uma Filosofia Toda (73)

As bolas de sabão que esta criança/ Se entretém a largar de uma palhinha/ São translucidamente uma filosofia toda./ Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,/ Amigas dos olhos como as cousa...
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Cesário Verde (74)

Ao entardecer, debruçado pela janela,/ E sabendo de soslaio que há campos em frente,/ Leio até me arderem os olhos/ O livro de Cesário Verde./ / Que pena que tenho dele! Ele era um camponês/ Que...

Em Dias de Luz Perfeita e Exacta (75)

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,/ Em que as cousas têm toda a realidade que podem ter,/ Pergunto a mim próprio devagar/ Por que sequer atribuo eu/ Beleza às cousas./ Uma flor acaso tem...

A Sua Verdadeira Realidade (76)

Entre o que vejo de um campo e o que vejo de outro campo/ Passa um momento uma figura de homem./ Os seus passos vão com ele na mesma realidade,/ Mas eu reparo para ele e para eles, e são duas cou...
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Pastor do Monte, Tão Longe de Mim (77)

Pastor do monte, tão longe de mim com as tuas ovelhas/ Que felicidade é essa que pareces ter — a tua ou a minha?/ A paz que sinto quando te vejo, pertence-me, ou pertence-te?/ Não, nem a ti nem ...

A Manhã Raia (78)

A manhã raia. Não: a manhã não raia./ A manhã é uma coisa abstracta, está, não é uma coisa./ Começamos a ver o sol, a esta hora, aqui./ Se o sol matutino dando nas árvores é belo,/ É tã...

Quando a Erva Crescer em Cima da Minha Sepultura (79)

Quando a erva crescer em cima da minha sepultura,/ Seja este o sinal para me esquecerem de todo./ A Natureza nunca se recorda, e por isso é bela./ E se tiverem a necessidade doentia de interpretar ...

O que É Perfeito não Precisa de Nada (80)

Sim, talvez tenham razão./ Talvez em cada coisa uma coisa oculta more,/ Mas essa coisa oculta é a mesma/ Que a coisa sem ser oculta./ / Na planta, na árvore, na flor/ (Em tudo que vive sem fala/ E...
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