Entre a folha branca e o gume do olhar/ a boca envelhece/ / Sobre a palavra/ a noite aproxima-se da chama/ / Assim se morre dizias tu/ Assim se morre dizia o vento acariciando-te a cintura/ / Na poro...
Sim, eu conheço, eu amo ainda/ esse rumor abrindo, luz molhada,/ rosa branca. Não, não é solidão,/ nem frio, nem boca aprisionada./ Não é pedra nem espessura./ É juventude. Juventude ou clar...
No fim do verão as crianças voltam,/ correm no molhe, correm no vento./ Tive medo que não voltassem./ Porque as crianças às vezes não/ regressam. Não se sabe porquê/ mas também elas/ morrem....
Não voltarei à fonte dos teus flancos/ ao fogo espesso do verão/ a escorrer infatigável/ dos espelhos, não voltarei./ / Não voltarei ao leito breve/ onde quebrámos uma a uma/ todas as frágeis...
O amor/ é uma ave a tremer/ nas mãos de uma criança./ Serve-se de palavras/ por ignorar/ que as manhãs mais limpas/ não têm voz./ / Eugénio de Andrade, in 'Poesia e Prosa [1940-1980]'...
O domingo era uma coisa pequena./ Uma coisa tão pequena/ que cabia inteirinha nos teus olhos./ Nas tuas mãos/ estavam os montes e os rios/ e as nuvens./ Mas as rosas,/ as rosas estavam na tua boca....
Acordo na manhã de oiro/ entre o teu rosto e o mar./ / As mão afagam a luz,/ prolongam o dia breve./ / Entre o teu rosto e o mar/ ninguém deseja ser neve./ / Ninguém deseja o veneno/ da noite des...
Se pudesse, coroava-te de rosas/ neste dia —/ de rosas brancas e de folhas verdes,/ tão jovens como tu, minha alegria./ / Terra onde os versos vão abrindo,/ meu coração, não tem rosas para dar...
Vê como de súbito o céu se fecha/ sobre dunas e barcos,/ e cada um de nós se volta e fixa/ os olhos um no outro,/ e como deles devagar escorre/ a última luz sobre as areias./ / Que diremos ainda...
Para sempre um luar de naufrágio/ anunciará a aurora fria./ Para sempre o teu rosto afogado,/ entre retratos e vendedores ambulantes,/ entre cigarros e gente sem destino,/ flutuará rodeado de esca...
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