Eugénio de Andrade

Portugal
19 Jan 1923 // 13 Jun 2005
Poeta

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30 Poemas

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Retrato Ardente (11)

Entre os teus lábios/ é que a loucura acode/ desce à garganta,/ invade a água./ / No teu peito/ é que o pólen do fogo/ se junta à nascente,/ alastra na sombra./ / Nos teus flancos/ é que a fo...

Desde a Aurora (12)

Como um sol de polpa escura/ para levar à boca,/ eis as mãos:/ procuram-te desde o chão,/ / entre os veios do sono/ e da memória procuram-te:/ à vertigem do ar/ abrem as portas:/ / vai entrar o ...

Nocturno a Duas Vozes (13)

— Que posso eu fazer/ senão beber-te os olhos/ enquanto a noite/ não cessa de crescer?/ / — Repara como sou jovem,/ como nada em mim/ encontrou o seu cume,/ como nenhuma ave/ poisou ainda nos m...
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Coração Habitado (14)

Aqui estão as mãos./ São os mais belos sinais da terra./ Os anjos nascem aqui:/ frescos, matinais, quase de orvalho,/ de coração alegre e povoado./ / Ponho nelas a minha boca,/ respiro o sangue,...

Labirinto ou Alguns Lugares de Amor (15)

O outono/ por assim dizer/ pois era verão/ forrado de agulhas/ / a cal/ rumorosa/ do sol dos cardos/ / sem outras mãos que lentas barcas/ vai-se aproximando a água/ / a nudez d...

Litania (16)

O teu rosto inclinado pelo vento;/ a feroz brancura dos teus dentes;/ as mãos, de certo modo, irresponsáveis,/ e contudo sombrias, e contudo transparentes;/ / o triunfo cruel das tuas pernas,/ colu...
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Obscuro Domínio (17)

Amar-te assim desvelado/ entre barro fresco e ardor./ Sorver o rumor das luzes/ entre os teus lábios fendidos./ / Deslizar pela vertente/ da garganta, ser música/ onde o silêncio aflui/ e se conce...

Sobre o Caminho (18)

Nada/ / nem o branco fogo do trigo/ nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros/ te dirão a palavra/ / Não interrogues não perguntes/ entre a razão e a turbulência da neve/ não há diferenÃ...

Pequena Elegia de Setembro (19)

Não sei como vieste,/ mas deve haver um caminho/ para regressar da morte./ / Estás sentada no jardim,/ as mãos no regaço cheias de doçura,/ os olhos pousados nas últimas rosas/ dos grandes e ca...

Último Poema (20)

É Natal, nunca estive tão só./ Nem sequer neva como nos versos/ do Pessoa ou nos bosques/ da Nova Inglaterra./ Deixo os olhos correr/ entre o fulgor dos cravos/ e os dióspiros ardendo na sombra./...
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