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Mário Faustino

Brasil
22 Out 1930 // 27 Nov 1962
Poeta/Jornalista

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Alma que Foste Minha

Alma que foste minha,
desprendida de meu corpo e de meu espírito,
leque de palma sem raízes, sem tormentas,
que género esta noite te distingue,
que metro te organiza, por que dogmas,
que signos te orientam — rumo a quê?

— Mestre, qual é o sexo das almas?

Desmarcada e sem cordas
alma que foste minha
sem cravos e sem espinhos
que trigo milenar te mata a fome
    divina
que pirâmide encerra tua essência
    nudíssima
que corpo te defende de ti mesma
    do espaço
que idade, quantas eras, contra o tempo
    alma anárquica
desmarcada e sem cravos
sem precisão de estar
    ou de ficar
— Que te vale Bizâncio?
    ou de mudar
ou de fazer, ou de ostentar
— Que te vale este verso?
    apoética, absurda
como chamar-te alma, de quê, quando,
para quê, alma de morto, para onde?

Mário Faustino, in 'Antologia Poética'




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