Ar
Vivificante ar, pai da existência,
Assopro animador do Autor Divino,
Deste nosso subtil moto contino
Composto, onde um Deus pôs sua ciência!
Tu tens, ó ar, a excelsa preeminência
De ser exalação do bafo Trino,
Tu susténs, sem cair, o home a pino:
Sem ti tem sempre pronta a decadência.
Tu as ardentes febres lhe mitigas
Nesta, do mundo, trabalhosa lida,
Nestas da Terra (sem cessar) fadigas.
Tu és o sustentáculo da vida,
Porém, quando do corpo te desligas,
Lhe dás, com dor, eterna despedida.
Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'
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