Não há revolta no homem
que se revolta calçado.
O que nele se revolta
é apenas um bocado
que dentro fica agarrado
à tábua da teoria.

Aquilo que nele mente
e parte em filosofia
é porventura a semente
do fruto que nele nasce
e a sede não lhe alivia.

Revolta é ter-se nascido
sem descobrir o sentido
do que nos há-de matar.

Rebeldia é o que põe
na nossa mão um punhal
para vibrar naquela morte
que nos mata devagar.

E só depois de informado
só depois de esclarecido
rebelde nu e deitado
ironia de saber
o que só então se sabe
e não se pode contar.

Natália Correia, in "Poemas (1955)"
// Consultar versos e eventuais rimas

1. De Amor nada Mais Resta que um Outubro
2. Ode à Paz
3. O Livro dos Amantes
4. O Espírito
5. Bilhete para o Amigo Ausente
6. A Arte de Ser Amada
7. Quanto Mais Amada Mais Desisto
8. O Poema
9. Falavam-me de Amor
10. Balada para um Homem na Multidão
11. Do Sentimento Trágico da Vida
12. Paz
13. Elegia dos Amantes Lúcidos
14. Os Namorados Lisboetas
15. A Exaltação da Pele
16. Poema Involuntário
17. O Testamento dos Namorados
18. Cidadania
19. Em Cruz não Era Acabado
20. Projecto de Bodas
... Ver todos os 20 poemas