Publicidade

António Osório

Portugal
n. 1 Ago 1933
Escritor/Poeta

Publicidade

Ignição

Meus versos, desejo-vos na rua,
nas padiolas, pelo chão, encardidos
como quem ganha com eles a vida,
e o papel vá escurecendo ao sol,
a chuva o manche, a capa
ganhe dedadas, a companhia
aderente de um insecto,
as palavras se humildem mais
e chegue a sua vez de comoverem alguém
que compre, um faminto ajudando.

Meus versos, desejo-vos nas bibliotecas
itinerantes, gostaríeis de viajar
por aldeias, praias, escolas primárias,
despertar o rápido olhar das crianças,
estar nas suas mãos
completamente indefeso
e, sobretudo, que não vos compreendam.
Oxalá escrevam, risquem, atirem no recreio
umas às outras como pélas os livros
e sonhem, se possível, com algum verso
que súbito se esgueire pela sua alma.

António Osório, in 'Décima Autora'




Publicidade

Publicidade

Outros Poemas de António Osório:

Publicidade

Facebook
Publicidade

Inspirações

Um Minuto de Amor

Publicidade

© Copyright 2003-2021 Citador - Todos os direitos reservados | SOBRE O SITE