Livro de Mágoas

por: Florbela Espanca
Portugal
8 Dez 1894 // 8 Dez 1930
Poetisa

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31 Poemas

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Desejos Vãos (11)

Eu queria ser o Mar de altivo porte/ Que ri e canta, a vastidão imensa!/ Eu queria ser a Pedra que não pensa,/ A pedra do caminho, rude e forte!/ / Eu queria ser o Sol, a luz imensa, / O bem do que é...

Pequenina (12)

És pequenina e ris ... A boca breve/ É um pequeno idílio cor-de-rosa .../ Haste de lírio frágil e mimosa!/ Cofre de beijos feito sonho e neve!/ / Doce quimera que a nossa alma deve/ Ao Céu que assim ...

A Minha Dor (13)

A minha Dor é um convento ideal/ Cheio de claustros, sombras, arcarias,/ Aonde a pedra em convulsões sombrias/ Tem linhas dum requinte escultural./ / Os sinos têm dobres de agonias/ Ao gemer, comovid...
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Mais Triste (14)

É triste, diz a gente, a vastidão/ Do mar imenso! E aquela voz fatal/ Com que ele fala, agita o nosso mal!/ E a Noite é triste como a Extrema-Unção!/ / É triste e dilacera o coração/ Um poente do nos...

Tortura (15)

Tirar dentro do peito a Emoção,/ A lúcida Verdade, o Sentimento!/ – E ser, depois de vir do coração,/ Um punhado de cinza esparso ao vento! .../ / Sonhar um verso de alto pensamento,/ E puro como um ...

Alma Perdida (16)

Toda esta noite o rouxinol chorou,/ Gemeu, rezou, gritou perdidamente!/ Alma de rouxinol, alma da gente,/ Tu és, talvez, alguém que se finou!/ / Tu és, talvez, um sonho que passou,/ Que se fundiu na ...
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Para Quê?! (17)

Tudo é vaidade neste mundo vão .../ Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada!/ E mal desponta em nós a madrugada,/ Vem logo a noite encher o coração!/ / Até o amor nos mente, essa canção/ Que o nosso peito...

A um Livro (18)

No silêncio de cinzas do meu Ser/ Agita-se uma sombra de cipreste,/ Sombra roubada ao livro que ando a ler,/ A esse livro de mágoas que me deste./ / Estranho livro aquele que escreveste,/ Artista da ...

A Minha Tragédia (19)

Tenho ódio à luz e raiva à claridade/ Do sol, alegre, quente, na subida./ Parece que a minh’alma é perseguida/ Por um carrasco cheio de maldade!/ / Ó minha vã, inútil mocidade,/ Trazes-me embriagada,...

Ao Vento (20)

O vento passa a rir, torna a passar,/ Em gargalhadas ásperas de demente;/ E esta minh’alma trágica e doente/ Não sabe se há-de rir, se há-de chorar!/ / Vento de voz tristonha, voz plangente,/ Vento q...
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