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Joaquim Maria Machado de Assis

Brasil
21 Jun 1839 // 29 Set 1908
Escritor

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Musa dos Olhos Verdes

Musa dos olhos verdes, musa alada,
          Ó divina esperança,
Consolo do ancião no extremo alento,
          E sonho da criança;

Tu que junto do berço o infante cinges
          C’os fúlgidos cabelos;
Tu que transformas em dourados sonhos
          Sombrios pesadelos;

Tu que fazes pulsar o seio às virgens;
          Tu que às mães carinhosas
Enches o brando, tépido regaço
          Com delicadas rosas;

Casta filha do céu, virgem formosa
          Do eterno devaneio,
Sê minha amante, os beijos meus recebe,
          Acolhe-me em teu seio!

Já cansada de encher lânguidas flores
          Com as lágrimas frias,
A noite vê surgir do oriente a aurora
          Dourando as serranias.

Asas batendo à luz que as trevas rompe,
          Piam noturnas aves,
E a floresta interrompe alegremente
          Os seus silêncios graves.

Dentro de mim, a noite escura e fria
          Melancólica chora;
Rompe estas sombras que o meu ser povoam;
          Musa, sê tu a aurora!

Machado de Assis, in 'Falenas'
// Consultar versos e eventuais rimas




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