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Augusto Casimiro

Portugal
11 Mai 1889 // 23 Set 1967
Poeta/Jornalista

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Natal

1

A voz clamava no Deserto.

E outra Voz mais suave,
Lírio a abrir, esvoaçar incerto,
Tímido e alvente, de ave
Que larga o ninho, melodia
Nascente, docemente,
Uma outra Voz se erguia...

A voz clamava no Deserto...

Anunciando
A outra Voz que vinha:
Balbuciar de fonte pequenina,
    Dando
À luz da Terra o seu primeiro beijo...
Inefável anúncio, dealbando
Entre as estrelas moribundas.

2

    Das entranhas profundas
Do Mundo, eco do Verbo, a profecia,
- À distância de Séculos, - dizia,
    Pressentia
Fragor de sismos, o dum mundo ruindo,
    Redimindo
Os cárceres do mundo...

A voz dura e ardente
Clamava no Deserto...

Natal de Primavera,
A nova Luz nascera.
    Voz do céu, Luz radiante,
Mais humana e mais doce
E irmã dos Poetas
Que a voz trovejante
    Dos profetas
       Solitários.

3

A divina alvorada
    Trazia
Lírios no regaço
E rosas.
Natal. Primeiro passo
Da secular Jornada,
Era um canto de Amor
A anunciar Calvários,
A impor a Esperança
À Terra amargurada,
Às horas dolorosas
Aos Gólgotas de dor
Da longa travessia.
- Seriam sangue
    Redentor
As rosas.
Os lírios
Aleluia.

Augusto Casimiro, in 'Momento na Eternidade'




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