Meu pai tinha sandálias de vento/ só agora o sei./ Tinha sandálias de vento/ e isto nem sequer é uma maneira de dizer/ andava por longe os olhos fugidos a expressão em/ ...
Tenho as recordações d'um velho milenário!/ / Um grande contador, um prodigioso armário,/ Cheiinho, a abarrotar, de cartas memoriais,/ Bilhetinhos de amor, recibos, madrigais,/ Mais segredos não tem ...
Estou, nesta noite cálida, deliciadamente estendido sobre a relva,/ de olhos postos no céu, e reparo, com alegria,/ que as dimensões do infinito não me perturbam./ (O infinito!/ Essa incomensurável d...
Tudo que cessa é morte, e a morte é nossa/ Se é para nós que cessa. Aquele arbusto/ Fenece, e vai com ele/ Parte da minha vida./ / Em tudo quanto olhei fiquei em parte./ Com tudo quanto vi, se passa,...
Quanto faças, supremamente faze./ Mais vale, se a memória é quanto temos,/ Lembrar muito que pouco./ E se o muito no pouco te é possível,/ Mais ampla liberdade de lembrança/ Te tornará teu dono./ / <...
Bom é o esquecimento./ Senão como é que/ O filho deixaria a mãe que o amamentou?/ Que lhe deu a força dos membros e/ O retém para os experimentar./ / Ou como havia o discípulo de abandonar o mestre/ ...
Havia no meu tempo um rio chamado Tejo/ que se estendia ao Sol na linha do horizonte./ Ia de ponta a ponta, e aos seus olhos parecia/ exactamente um espelho/ porque, do que sabia,/ só um espelho com ...
Doces lembranças da passada glória,/ Que me tirou fortuna roubadora,/ Deixai-me descansar em paz uma hora,/ Que comigo ganhais pouca vitória./ / Impressa tenho na alma larga história/ Deste passado b...
O que não daria eu pela memória/ De uma rua de terra com baixos taipais/ E de um alto ginete enchendo a alba/ (Com o poncho grande e coçado)/ Num dos dias da planície,/ Num dia sem data./ O que não d...
Quantas vidas possíveis já descansam/ Nesta bem pobre e diminuta morte,/ Quantas vidas possíveis que outra sorte/ Daria ao esquecimento ou à lembrança!/ Quando eu morrer, morrerá um passado;/ Com est...
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