Velhice
30 Poemas
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Pior Velhice (11)
Sou velha e triste. Nunca o alvorecer/ Dum riso são andou na minha boca!/ Gritando que me acudam, em voz rouca,/ Eu, náufraga da Vida, ando a morrer!/ / A Vida, que ao nascer, enfeita e touca/ De a...
Livro de Mágoas
Livro de Mágoas
Estamos Agora em Paz (12)
Estamos agora em paz/ sabendo simular o esquecimento/ / sentados/ / com os olhos no vento/ lá de fora atirado para antes/ de nós as mãos caÃdas/ nos joelhos mas nada suplicantes/ só esvaÃdas/ /...
O «Ensina-me» (13)
Quando era novo, mandei fazer numa tábua/ A canivete e nanquim a figura dum velho/ A coçar-se no peito por causa da sarna/ Mas de olhar implorativo porque esperava que o ensinassem./ Uma segunda tÃ...
Requiem por Mim (14)
Aproxima-se o fim./ E tenho pena de acabar assim,/ Em vez de natureza consumada,/ RuÃna humana./ Inválido do corpo/ E tolhido da alma./ Morto em todos os órgãos e sentidos./ Longo foi o caminho e...
Câmara Escura (15)
A meu pai/ / 3/ / A biografia. Revejo-a em tecidos/ fibrosos, retraindo-se. É já visÃvel/ a anquilose o vento austero/ disperso pelos gestos, mais lentos/ / e difÃceis. A migração das aves/ ini...
O Futuro Perfeito (16)
À minha neta Anica/ / A neta explora-me os dentes,/ Penteia-me como quem carda./ Terra da sua experiência,/ Meu rosto diverte-a, parda/ Imagem dada à inocência./ / Finjo que lhe como os...
Já Velho e Doente (17)
«Seja a terra da Terceira/ A minha coberta de alma»,/ Disse eu na idade fagueira,/ Em que tudo é força e calma./ / Mas hoje, já velho e doente,/ Em que as almas não se cobrem,/ Hoje sim, peço ...
A Velhice é um Vento (18)
A velhice é um vento que nos toma/ no seu halo feliz de ensombramento./ E em nós depõe do que se deu à obra/ somente o modo de não sentir o tempo,/ senão no ritmo interior de a sombra/ passar Ã...
Cabelos Brancos (19)
Cobrem-me as fontes já cabelos brancos,/ Não vou a festas. E não vou, não vou./ Vou para a aldeia, com os meus tamancos,/ Cuidar das hortas. E não vou, não vou./ / Cabelos brancos, vá, sejamos...
Velhice (20)
Ãgua do rio Letes, onde passas?/ Venha a mim o teu curso benfazejo/ Que sepulta alegrias ou desgraças/ No mesmo esquecimento sem desejo./ / Quero beber-te por contÃnuas taças.../ E à s horas do p...
