A Arte é IndivÃduo, não Colectividade
Arte é espÃrito, e o espÃrito não precisa, em absoluto, de se sentir obrigado a servir a sociedade, a colectividade. A meu ver, não tem direito a fazê-lo, devido à sua liberdade e à sua nobreza. Uma arte que «se mete com o povo», fazendo suas as necessidades das massas, do zé-povinho, dos ignorantões, cai na miséria. Prescrever-lhe isso como um dever, admitindo-se, talvez, por razões polÃticas, unicamente uma arte que a gentinha possa compreender, é mesmo o cúmulo da grosseria e equivale a assassinar o espÃrito. Este - eis a minha firme convicção - pode empreender os mais audaciosos, os mais incontidos avanços, as tentativas e pesquisas menos acessÃveis à s multidões, e todavia ter a certeza de servir, de um modo elevado, indirectamente o homem, e à la longue até os homens.
Thomas Mann, in "Doutor Fausto"