Amo-te Carinhosamente
Vais deixar-me ir, querida Susie — com a aparência que tenho, o meu vestido sujo e usado, o meu grande avental, e o meu cabelo — Oh, Susie, o tempo não me permite enumerar a minha aparência, no entanto, amo-te tão carinhosamente como se a tivesse mais agradável, mas não te importas, importas? Estou tão contente, querida Susie — que os nossos corações estejam sempre limpos, e sempre puros e belos, portanto, não suscitando qualquer vergonha. Trabalhei muito esta manhã e deveria estar a trabalhar agora — mas não me posso negar ao luxo de ter um ou dois minutos contigo.
Os pratos podem esperar, querida Susie — e a mesa por levantar pode aguentar, a eles, tenho-os sempre comigo, mas tu, 'nem sempre' tenho — porquê, Susie, Cristo tinha santos muitos — e eu tenho poucos, mas a ti — os anjos não terão a Susie — não — não não!
A Vinnie está a costurar como uma costureira fictícia, e quase espero que algum cavaleiro apareça à porta, se confesse como sendo nada comparado com a beleza dela, e dê o seu coração e a sua mão como os únicos vestígios merecedores de serem rejeitados.
A Vinnie e eu temos conversado acerca do facto de envelhecermos, hoje. A Vinnie acha que vinte anos deve ser uma posição assustadora para alguém ocupar — eu digo-lhe que não me importa se sou jovem ou não, tive como precioso ter trinta, e a ti, como quase tudo o resto. A Vinnie mostra compaixão pela minha 'seca e amarela vontade' e termina o seu trabalho, querida Susie, diz-me como te sentes — não haverá dias na vida de uma pessoa em que ser velho não parece ser uma coisa assim tão triste.
Sinto cinzenta e severa, esta manhã, e sinto que seria confortável ter uma voz sibilante, e costas quebradas, e assustar pequenas crianças. Não corras, Susie querida, pois eu não farei maldades, e amo-te carinhosamente embora me sinta tão medonha.
Oh, minha querida, há quanto tempo vagueias sem mim, quão cansada fico de esperar e olhar, e de chamar por ti; às vezes fecho os meus olhos, e fecho o meu coração só para ti, e esforço-me por te esquecer porque me entristeces tanto, mas nunca te vais embora, Oh nunca irás — diz, Susie, promete-me novamente, e sorrirei francamente — e leva a minha pequena cruz outra vez de tristeza — triste separação. Quão vão parece escrever, quando alguém sabe como sentir — quão muito mais perto e querido sentar-me ao teu lado, falar contigo, ouvir os tons da tua voz; tão difícil 'negar-te a ti', e levantar a tua cruz, e segue-me' — dá-me força, Susie, escreve-me acerca de esperança e de amor, e de corações que duraram, e grande foi a recompensa deles de 'O nosso Pai que imita no Céu'. Não sei como o deverei suportar, quando a gentil Primavera chegar; se ela me vier ver e me falar de ti, Oh, isso, certamente, matar-me-ia! Enquanto o frio se agarra às janelas, e o mundo é austero e sombrio; esta ausência é mais fácil; A Terra também chora, por todos os seus pequenos pássaros; mas quando eles voltarem todos, e ela cantar e estiver tão feliz — reza o que será de mim? Susie, perdoa-me, esquece tudo o que eu disse, encontra um pequeno doce estudioso que leia um hino gentil, sobre Bethleem ou Mary, e dormirás docemente e terás sonhos serenos, como se nunca te tivesse escrito estas coisas feias. Não te preocupes com a carta, Susie, não vou ficar aborrecida se não me devolveres nenhuma — pois sei quão ocupada és, e que pouca dessa amável força permanece quando é noite, para pensares e escreveres. Só que queiras escrever-me, só que às vezes suspiro que estás distante, e que vou fazer, Susie! Não penses que somos bons e pacientes, que te deixes ir demasiado longe; e não pensemos que és uma querida, uma heroína linda, para trabalhar para as pessoas, e ensiná-las, e deixares a tua querida própria casa? Porque nos consumimos e lamentamos, não penses que nos esquecemos dos preciosos patriotas que estão na guerra nos outros territórios! Nunca sejas pesarosa, Susie — sê alegre e tem ânimo, pois neste momento muitos dos longos dias passaram desde que te escrevi — e é quase meio-dia, e em breve a noite virá, e depois restará menos um dia na longa peregrinação. O Mattie é muito astuto, fala de ti muito, minha querida; devo agora deixar-te — 'uma pequena hora de Céu,' agradeço a quem me a deu, e dar-me-á ele uma mais comprida e mais quando isso agrade ao seu amor — traz a Susie para casa, ié! Amor sempre, e eternamente, e verdadeiro!
Emily Dickinson, in 'Carta a Susan Gilbert, 6 de Fevereiro de 1852'