Nunca compreendi como é possível que alguém que escreva consiga objectivar os seus sofrimentos enquanto vive sob o seu peso; assim eu, por exemplo, no meio da minha infelicidade, provavelmente ainda com a minha cabeça a queimar de infelicidade, sento-me e escrevo a alguém: sou infeliz. Sim, eu até posso ir além disto e com todos os floreados que o meu talento possa inventar, que não parecem ter nada a ver com a minha infelicidade, toco uma orquestração simples, ou em contraponto, ou uma orquestração completa de variações sobre o meu tema. E não é uma mentira, e não mitiga a minha dor: é simplesmente um extra misericordioso de força num momento em que o sofrimento me consumiu até ao fundo do meu ser e gastou completamente todas as minhas forças. Mas então que espécie de extra é esse?

Franz Kafka, in 'Diário (18 Set 1917)'

1. A Nossa Verdade
2. Vivemos Presos ao Nosso Passado e ao Nosso Futuro
3. Enfrentar-se a Si Próprio
4. Cessa de Correr !
5. A Humildade é a Base da Sociedade
6. A Maior Felicidade
7. O Livre Arbítrio
8. A Pessoa de quem se Anda à Procura
9. O Receio do Sofrimento
10. A Necessidade de Conversar
11. Um Cidadão Livre
12. O Mais Fundo de Nós Mesmos
13. A Minha Educação Prejudicou-me em Vários Aspectos
14. Medo de Casar
15. Escrever um Diário
16. Viver Sozinho
17. Passos à Rectaguarda
18. O Obstáculo Invisível
19. A Fraqueza Fundamental do Homem
20. Tudo é Engano
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