O EgoÃsta Homem Moderno
Um dos problemas mais complicados e mais difÃceis dos nossos dias, o de encaminhar para um fim benéfico e utilitário, para o bem real da nossa sociedade, essa exuberância espantosa de prosperidade material, que muito é de temer não materialize excessivamente o espÃrito popular e não o lance na via de uma ambição desenfreada e subversiva. Esta questão considero-a como a única séria e vital que hoje resta resolver satisfatoriamente, porque a sua resolução é que há-de dizer a razão por que nós gozamos dos incalculáveis benefÃcios do vapor e das suas aplicações e do telégrafo eléctrico; porque é dela que depende a sorte futura da nossa sociedade, e essa resolução é tanto mais difÃcil que ela não pode ser a obra da violência, por isso que a violência apressaria o termo fatal do desengano sem que a sociedade estivesse suficientemente preparada para um choque tão violento, e tornaria sangüinária uma revolução que, longe de dever ser um cataclismo para a sociedade, deverá executar-se brandamente. O governo, que deve saber dirigir a verdadeira opinião pública, pode pela sua acção sobre a instrução das classes laboriosas ensinar-lhes a sua posição futura na sociedade e destruir as ambições desenfreadas dos pretendidos amigos do povo... No mundo material o homem para assim dizer é condenado ao progresso. Infelizmente a parte moral do homem pela falta de educação moral e religiosa tem decaÃdo muito desde que as faculdades em que o seu egoÃsmo tem mais ocasião de se desenvolver tem alargado a sua esfera de acção.
Dom Pedro V, in 'Escritos de El-Rei D. Pedro V'