Alexandre Pushkin

Russia
6 Jun 1799 // 10 Fev 1837
Poeta

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O Novo Conhecimento

Quando fazemos amor com uma nova mulher, vimo-nos por causa da paixão. Quando fazemos amor com uma esposa, vimo-nos por causa da fricção. A paixão é luxúria idolatrada pelo frémito. O frémito no casamento é reduzido a cinzas, e o que resta é uma luxúria insignificante, uma contribuição inevitável à fisiologia.
Só depois do meu casamento é que eu percebi até que ponto a paixão é espiritual. A alma perde o frémito, que só se obtém através da novidade. Lutar pela novidade é o mesmo que lutar pelo conhecimento, acerca do qual Deus nos advertiu. Se o conhecimento é pecaminoso, então tudo o que é novo é pecaminoso. É por isso que a força dos laços familiares se baseia na tradição e no costume antigo. A intrusão da novidade, do novo conhecimento no casamento, só o destrói. Cada adultério é uma renovação do pecado do conhecimento.
No casamento, a espiritualidade do frémito pela nossa mulher não desaparece, transforma-se em filhos, transforma-se na alma da criança. Talvez seja por isso que a Igreja Católica, embora ciente de que o frémito desaparece no casamento, considera a cópula pecaminosa se não tiver o objecitvo de engravidar. Esta proibição prolonga a vida da paixão, porque o período de continência é tão longo que, quando os esposo caem avidamente nos braços um do outro para conceber um novo bebé, o tédio é esquecido e o frémito revive. Dali a um mês ou dois, o frémito desaparece outra vez e é substituído pelo hábito, mas nesta altura a mulher está outra vez grávida e a cópula tem de parar, de acordo com a proibição.

Alexander Puschkine, in 'Diário Secreto'




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