José Santiago Naud

Brasil
n. 24 Jul 1930
Poeta/Ensaísta
Publicidade

A Dama de Elche

Seus olhos
pararam no limiar. Mas a morte
participa também do mistério da vida,
e essas amêndoas que mantém
explícitas ao nada, anunciam
outra árvore em nós.

Toda a feição já se concentra
no que os olhos não dizem. Antes
fossem fechados,
como os lábios na dureza do mento,
e a ciência ou a razão que nos perturba
não deixariam no berloque aguerrido
essa espantosa serenidade gélida de amor.

Mulher-senhora. Mãe?
                                     Nos adornos
da espera, (nossa
a dúvida) fica a vida
que freme, e os abismos
que a beleza flanqueiam. Até que os pés
alados
despertem a princesa. Então,
Deus a recolhe,
                         e roça
nossas parcas medidas. A morte
desancora. Pela rigidez
da inacessível máscara, escorre
como as chuvas
o seu íntimo trabalho de existir.   

José Santiago Naud, in 'Antologia Poética'




Publicidade

Publicidade

Outros Poemas de José Santiago Naud:

Publicidade

Publicidade

© Copyright 2003-2025 Citador - Todos os direitos reservados | SOBRE O SITE