Eleva-se entre a espuma, verde e cristalina
e a alegria aviva-se em redonda ressonância.
O seu olhar é um sonho porque é um sopro indivisível
que reconhece e inventa a pluralidade delicada.
Ao longe e ao perto o horizonte treme entre os seus cílios.

Ela encanta-se. Adere, coincide com o ser mesmo
da coisa nomeada. O rosto da terra se renova.
Ela aflui em círculos desagregando, construindo.
Um ouvido desperta no ouvido, uma língua na língua.
Sobre si enrola o anel nupcial do universo.

O gérmen amadurece no seu corpo nascente.
Nas palavras que diz pulsa o desejo do mundo.
Move-se aqui e agora entre contornos vivos.
Ignora, esquece, sabe, vive ao nível do universo.
Na sua simplicidade terrestre há um ardor soberano.

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"
// Consultar versos e eventuais rimas

1. Não Posso Adiar o Amor
2. É por Ti que Vivo
3. Mãe
4. Para um Amigo Tenho Sempre
5. É por Ti que Escrevo
6. A Mulher
7. Estar Só é Estar no Íntimo do Mundo
8. A Festa do Silêncio
9. Vive-se Quando se Vive a Substância Intacta
10. Vertentes
11. A Verdade
12. Um Ofício que Fosse de Intensidade e Calma
13. Poema dum Funcionário Cansado
14. A Partir da Ausência
15. O Jardim
16. A Leitora
17. A Palavra
18. A Leitora
19. Aqui Mereço-te
20. Mediadora do Vento
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