Alberto de Serpa

Portugal
12 Dez 1906 // 8 Out 1992
Poeta

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Ambiente

             A Alexandre de Médicis

A rua é tão estreita
que o luar mal chega às pedras
que pisei, ao vir aqui.

A casa tem pior fama
do que a rua, onde só passa
quem não tem outro caminho.

A sala, onde vim juntar-me
com a baixeza da vida,
tem menos luz do que a rua
e os olhos não têm estrelas.
Há uma mulher perdida
que diz a sua desgraça.
Um marinheiro possante
fala de terras, do mar,
e as suas mãos têm saudade
da guitarra que está longe...

Anda, no ar, perturbante,
um cheiro de vinho novo
que enjoa, mas faz querê-lo
junto com reles comidas.

O pensamento da gente
não se fixa em coisa alguma:
vai como nota de música...

As almas estão com sono.
As horas passam
sem se dar por elas...

... E só longe
alguém cantará o fado.

Alberto de Serpa, in 'Varanda'




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