O Amante Diz da Rosa no Seu Coração
Tudo quanto é feio, destruÃdo, todas as coisas gastas, velhas,
O grito de uma criança à beira do caminho, o rangido de uma carroça
que se arrasta,
O pesado andar do lavrador, passo a passo sobre o limo invernal,
Maculam a tua imagem que engendra uma rosa no fundo do meu coração.
Tão grande é a mácula das coisas torpes que não pode ser descrita;
A minha ânsia é tudo reconstruir e sentar-me num verde outeiro solitário,
Com a terra, o céu, a água renovados, como um cofre de ouro
Para os meus sonhos da tua imagem que floresce numa rosa tão profun-
damente no meu coração.
(Tradução de José Agostinho Baptista)
William Butler Yeats, in 'Uma Antologia'