Publicidade

António Maria Lisboa

Portugal
1 Ago 1928 // 11 Nov 1953
Poeta

Publicidade

Projecto de Sucessão

Para o Mário Henrique

Continuar aos saltos até ultrapassar a Lua
continuar deitado até se destruir a cama
permanecer de pé até a polícia vir
permanecer sentado até que o pai morra

Arrancar os cabelos e não morrer numa rua solitária
amar continuamente a posição vertical
e continuamente fazer ângulos rectos

Gritar da janela até que a vizinha ponha as mamas de fora
por-se nu em casa até a escultora dar o sexo
fazer gestos no café até espantar a clientela
pregar sustos nas esquinas até que uma velhinha caia
contar histórias obscenas uma noite em família
narrar um crime perfeito a um adolescente loiro
beber um copo de leite e misturar-lhe nitro-glicerina
deixar fumar um cigarro só até meio
Abrirem-se covas e esquecerem-se os dias
beber-se por um copo de oiro e sonharem-se índias.

António Maria Lisboa, in "Ossóptico e Outros Poemas"




Publicidade

Publicidade

Outros Poemas de António Maria Lisboa:

Publicidade

Inspirações

Vencer o Medo

Publicidade

© Copyright 2003-2025 Citador - Todos os direitos reservados | SOBRE O SITE