Que a mão do tempo e o hálito dos homens/ Murchem a flor das ilusões da vida,/ Musa consoladora,/ É no teu seio amigo e sossegado/ Que o poeta respira o suave sono./ / Não há, não...
A minha intenção/ Se a tivesse/ Era interromper de vez em quando as vossas falas/ E fazer-vos voltar a cabeça silenciosos/ Na única direcção em que os versos existem/ / Alberto de Lacerda, in 'Pal...
Versos/ escrevem-se/ depois de ter sofrido./ O coração/ dita-os apressadamente./ E a mão tremente/ quer fixar no papel os sons dispersos.../ / É só com sangue que se escrevem versos./ / Saúl Dias,...
O que se pede da poesia? Que nos entretenha os olhos/ com as rendas sulfurosas de um doentio crepúsculo?/ Com efeito, no poema, as palavras não nos servem/ de cestos em que se recolham - dilatados, q...
Por substituição das emoções a poesia/ recorda uma arte escura: vagares, caligrafia/ da estação que ondula, oscilação de um cálamo/ a meio do branco. A natureza encurva-se,/ o coração assenta de modo...
Inúteis são os voos. Inúteis são os pássaros./ Silenciosas sombras tudo extinguem./ Como as vagas de um mar longínquo e frio,/ são de inúteis palavras estes versos,/ pois o calado tempo esmaga tudo./...
O jantar já tinha sido servido. No fundo da mesa,/ os pratos amontoavam-se por entre restos ilesos/ de comida. Era para ali que nos retirávamos, para/ deixar de sentir por momentos, sobre os ombros,/...
Um ferrageiro de Carmona/ que me informava de um balcão:/ «Aquilo? É de ferro fundido,/ foi a fôrma que fez, não a mão./ / Só trabalho em ferro forjado/ que é quando se trabalha ferro;/ então, corpo ...
Depois vi o sangue coagular-se em letras/ espalhadas nos muros e nas pedras;/ e o céu baixar-se para fecundá-las/ e fugir outra vez para esquecê-las./ / Depois vi o homem pressuroso em lê-las,/ trans...
Mel silvestre tirei das plantas,/ sal tirei das águas, luz tirei do céu./ Escutai, meus irmãos: poesia tirei de tudo/ para oferecer ao Senhor./ Não tirei ouro da terra/ nem sangue de meus irmãos./ Es...
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