Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: «Ele era assim...»
mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.

Porém, se, um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em voo se arremeda,

deixa-a pousar em teu silêncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
com uma luz, mais que distante, breve.

Carlos Pena Filho, in 'Livro Geral'

1. Olinda
2. A Solidão e Sua Porta
3. Soneto das Metamorfoses
4. Testamento do Homem Sensato
5. Soneto, às Cinco Horas da Tarde
6. Soneto para Greta Garbo
7. Elegia para a Adolescência