Eduardo Sá

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57 Citações

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Nunca nascemos preparados para aquilo que parece. Mas aquilo que parece é que domina o nosso crescimento.

Notícias Magazine (DN) / 20060827
Aquilo que separa também nos liga ao crescimento, logo que unimos todas as diferenças.

Notícias Magazine (DN) / 20060723
Porque é que as pessoas (se as pensarmos em abstracto), se desencontram da sua natureza e se tornam feias e azedas, à medida que crescem? Porque, ao contrário da natureza, são escassas as vezes que aprendem com a experiência. Porque não querem? Não; porque a complexidade dos seus sentimentos e do seu pensamento é grande. E, enquanto a natureza metaboliza as diferenças em ciclos de tempo onde caberiam muitas gerações humanas, é raro que uma pessoa encontre quem transforme, num período circunscrito da sua vida, sofrimentos enquistados, sentimentos por legendar e pensamentos que, simplesmente, se intuíram, sem nunca se terem formulado.

Notícias Magazine (DN) / 20060723
Começamos a morrer quando só somos capazes de nos copiar. «Escolhe-se morrer?». Às vezes, escolhe-se não viver, que é uma forma de estar vivo e estar morto ao mesmo tempo.

Notícias Magazine (DN) / 20060716
Nunca se cresce sem se sentir que se está atrasado em relação a, pelo menos, um desejo. E sem passar pela berma de inúmeros desgostos. Não se cresce à margem dos remorsos (que, para mais, resultam da distância que vai entre tudo o que sonhámos e aquilo que, sobretudo, nunca deixou de ser um sonho).

Notícias Magazine (DN) / 20060319
Transformar em qualquer coisa de sobrenatural tudo o que sentimos, só porque a racionalidade assim obriga, faz do silêncio uma enorme enciclopédia de todas as verdades por dizer.

Notícias Magazine (DN) / 20060226
Há muita diferença grande entre temer a morte e amar a vida. Temer a morte deixa-nos em dívida com a vida. Torna-nos minúsculos. Compenenetrados dos nossos papéis. Falsos e complicados. (...) Temer a morte deixa-nos levar pelas marés de todos os dias. Amar a vida desafia para as aproveitarmos nas rotas onde nos queremos ao leme.

Notícias Magazine (DN) / 20060129
Ser inocente é ter um olhar longo e aberto, mas ser pequeno. É estar - ombro a ombro - com todo o universo e ser grande, ter brilho e voz (e vida) só porque se é precioso para alguém. Ser inocente é deixar que a beleza nos atropele, um ror de vezes, a razão. E sempre que isso se descobre, nunca prometer que se deixa de escutar, primeiro, o que se sente. Ser inocente é estar aberto. Mesmo que isso crie um burburinho, e ponha tanto em dúvida tudo aquilo que supunhamos saber que, no entanto, nesse rebuliço o coração se engasgue e nos deixe descalços. Talvez, por tudo isso, só os sábios sejam inocentes. E, por mais que nos comova a sensibilidade em tudo aquilo que eles sabem, é o encantamento com que deixam que a vida os corteje que nos toca.

Notícias Magazine (DN) / 20060108
Às vezes, os políticos parecem repartir-se entre os que nunca se enganam e os que só reconhecem os erros dos outros. Os que se salvam imaginam a coerência como um lugar sem contradições. Ora, passamos bem sem os que nos indicam, uma a uma, as faltas dos outros. Perdoamos os erros, porque todos sabemos que são eles que nos ajudam a crescer.

Notícias Magazine (DN) / 20051023
Muitas vezes, a memória torna-se clemente com as coisas que, sendo tristes, não são nem preponderantes nem indiferentes para nós. As coisas tristes não precisam de ser episódios que nos sangrem na alma. Estão por ali. Não as conseguimos ignorar nem as queremos esquecer: acompanham-nos como o som, fanhoso, de um rádio antigo que atropela todas as tentativas de saborear um silêncio. As coisas tristes não nos deprimem nem nos amarguram, por exemplo. E isso é bom. Mas adormecem e põem-nos de costas para o futuro. E isso é péssimo.

Notícias Magazine (DN) / 20051023
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