Luc de Clapiers, Marquis de Vauvenargues
França
6 Ago 1715 // 28 Mai 1747
Escritor
6 Ago 1715 // 28 Mai 1747
Escritor
Nada Vence as Paixões Profundas de Cada Um
As paixões opõem-se à s paixões, e podem servir de contrapeso umas à s outras; mas a paixão dominante não se pode conduzir senão pelo seu próprio interesse, real ou imaginário, porque ela reina despoticamente sobre a vontade, sem a qual nada se pode. Contemplo humanamente as coisas, e acrescento nesÂse espÃrito: nem todo o alimento é próprio para todos os corÂpos; nem todos os objetos são suficientes para tocar deterÂminadas almas. Quem acredita serem os homens árbitros soberanos dos seus sentimentos não conhece a natureza; consiga-se que um surdo se divirta com os sons encantadoÂres de Mureti, peça-se a uma jogadora, que está a jogar uma grande partida, que tenha a complacência e a sabedoÂria de se enfadar durante a mesma, nenhuma arte pode fazê-lo.
Os sábios enganam-se quando oferecem a paz à s paixões: as paixões são inimigas dela. Eles elogiam a moÂderação para aqueles que nasceram para a acção e para uma vida agitada; que importa a um homem doente a delicadeza de um festim que lhe repugna? Nós não conhecemos os defeitos de nossa alma; mas ainda que pudéssemos conhecê-los, raramente haverÃaÂmos de os querer vencer.
As nossas paixões não são distintas de nós mesmos; alÂgumas delas são todo o fundamento e toda a substância da nossa alma. O mais fraco dos seres iria querer perecer para se ver substituÃdo pelo mais sábio? Dêem-me um esÂpÃrito mais justo, mais amável, mais penetrante, aceito com alegria todos esses dons; mas se me tiram também a alma que deve desfrutar dele, esses presentes não são nada paÂra mim.
Isso não dispensa ninguém de combater os seus hábitos e não deve inspirar aos homens nem abatimento nem tristeza. (...) A virtude sincera não abandona os seus amantes; os próprios vÃcios de um homem bem nasÂcido podem passar a contribuir para a sua glória.
Luc de Clapiers Vauvenargues, in 'Das Leis do EspÃrito'
Os sábios enganam-se quando oferecem a paz à s paixões: as paixões são inimigas dela. Eles elogiam a moÂderação para aqueles que nasceram para a acção e para uma vida agitada; que importa a um homem doente a delicadeza de um festim que lhe repugna? Nós não conhecemos os defeitos de nossa alma; mas ainda que pudéssemos conhecê-los, raramente haverÃaÂmos de os querer vencer.
As nossas paixões não são distintas de nós mesmos; alÂgumas delas são todo o fundamento e toda a substância da nossa alma. O mais fraco dos seres iria querer perecer para se ver substituÃdo pelo mais sábio? Dêem-me um esÂpÃrito mais justo, mais amável, mais penetrante, aceito com alegria todos esses dons; mas se me tiram também a alma que deve desfrutar dele, esses presentes não são nada paÂra mim.
Isso não dispensa ninguém de combater os seus hábitos e não deve inspirar aos homens nem abatimento nem tristeza. (...) A virtude sincera não abandona os seus amantes; os próprios vÃcios de um homem bem nasÂcido podem passar a contribuir para a sua glória.
Luc de Clapiers Vauvenargues, in 'Das Leis do EspÃrito'
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Outros Textos de Luc de Clapiers, Marquis de Vauvenargues:
1. Nada Pior que a Frivolidade
2. Os Vários Tipos de Coragem
3. No Amor é a Alma aquilo que Mais nos Toca
4. O Gosto pela Simplicidade
5. Nada Vence as Paixões Profundas de Cada Um
6. O Bom Senso
7. A Máscara Falsa da Felicidade
8. O Excesso de Vingança
9. Da Profundidade do EspÃrito
10. A Causa da Vontade
11. O Excesso de Conhecimento sem Discernimento
12. Os Sentimentos não Evoluem
13. Considerações Sobre a Amizade
14. A Glória como Mira
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