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Manuel Bandeira

Brasil
19 Abr 1886 // 13 Out 1968
Poeta / Professor / Tradutor

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O Cacto

Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária: Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz.
O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bonde, automóveis, carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas       [privou a cidade de iluminação e energia:

- Era belo, áspero, intratável.

Manuel Bandeira, in 'Poesia Completa e Prosa, Rio de Janeiro, 1986'




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