O que se descreve é como cotovelos no parapeito
O que se descreve é como cotovelos no parapeito,
pode ser tão sombrio
quanto uma interrogação em cÃrculo,
tão viril quanto este caminho mau,
tão minucioso quanto esta perspectiva não infinita.
E onde começa o esquecimento
termina o que a ilha de sono denuncia,
o que o intervalo do vento alcança
quando descende do infindável
onde tudo é calmo e sereno.
E então, que te administrem menos memória,
a ti cujos olhos abrangem
um botão que te desperta do que pensas ver em voz alta,
do que se transforma como um eco
exactamente igual a ti.
Tiago Nené, in 'Este Obscuro Objecto do Desejo'