A Escrita Mostra-me a Sua Própria Insuficiência
Escrevo sobre qualquer coisa, e isso é como o saber: quanto mais se sabe, mais consciência se tem daquilo que não se sabe. À medida que se escreve, cada vez se tem mais essa consciência. Nada daquilo que eu digo é universalizável, para que fique bem claro. Não tenho pretensão nenhuma à universalidade. À medida que escrevo, percebo que me falta quase tudo. E por isso continuo a escrever. A sensação que eu tenho, quando acabo de escrever um livro, é que já não vou escrever mais. Mas é impossÃvel, porque me falta dizer quase tudo. A escrita mostra-me a sua própria insuficiência.
Rui Nunes, in 'Jornal Público, Ipsilon, 17 Novembro 2017'