SÃlaba sobre SÃlaba
Aprendo uma gramática de exÃlio, nas vertentes do silêncio. É uma aprendizagem que requer pernas rijas e mão segura, coisas de que já não me posso gabar, mas embora precárias, sempre as minhas mãos foram animais de paciência, e as pernas, essas ainda vão trepando pelos dias sem ajuda de ninguém. Sem o desembaraço de muitos, mas tirando partido dos variados acidentes da pedra, que conheço bem, lá vou pondo sÃlaba sobre sÃlaba. Do nascer ao pôr do sol.
Eugénio de Andrade, in 'Poesia e Prosa [1940-1980]'