Todas as noites me sinto/ igual aos desconhecidos./ Sou a criança que sou,/ só quando o tempo pára./ / Fico em mim,/ fora dos músculos./ / Por que se movem os deuses/ quando o sol...
Brandamente escrevem dos espasmos do sol./ Envelhecem do pulso ao cérebro, ao calor baço/ de um revérbero no eixo dos ventos, usura/ das máscaras que, sucessivamente, as transformam/ / de consciência...
Neste corpo, a densa neblina, quase um hábito,/ lentamente descida, sedimento e sede,/ subtilmente o acalma. Ancora que se desloca,/ movediça e infirme. Só no olhar, além/ / da luz e da cal, se disti...
Tu que mísero vives/ no vão dos braços/ em súbito furor/ / Tu de mãos cativas/ senhor dos ombros/ indefeso dador/ / Tu que os dedos secas/ no liso peito/ armado amador/ / Tu no cárcere vivo/ das hora...
Exaltemos as lágrimas. Na pele das veias,/ bom dia, águas. Gratidão ao rosto, às cores,/ ao sulco nos olhos. Porquê este ardor, este/ temor da erva pisada? Adormecem comigo,/ / meigas fábricas de qui...
A solidão é perfeita como um rasgo entre/ as nuvens, ao último sonho. A solidão/ que se cala em teu fundo e vai envelhecendo/ na terra perdida do som descompassado./ / Te guardas na intimidade dos ar...
Que venha, refúgio ou insónia, futuro/ antigo e comece no campo ou no flanco, à/ direita, onde consome a alma, à esquerda/ onde exclama no corpo, na seiva ou no chão/ / dos sobressaltos. Venha, amant...
Só de restos se consagra o tempo, força/ cerrada na inutilidade destas/ cores campestres, quando o sol em Novembro/ escurece os sobreiros. Só de restos me/ espera a cerimónia de viver,/ trânsito e tr...
De repente,/ o corpo da mulher fulgura,/ pupila de deus,/ punhal ou bico,/ sede que chama./ Pára em mim e deslumbra/ — nula possibilidade/ da lucidez./ / Orlando Neves, in Lamentação em Cáucaso <...
Que não se confunde. Por existir se ganha/ e nos pertence. Sílabas ou linguagem,/ busca o centro nas mãos, nos olhos, o contacto/ incessante. Percorre os muros da memória,/ / na penumbra da palavra s...
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