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Orlando Loureiro Neves

Portugal
11 Set 1935 // 24 Jan 2005
Escritor/Poeta/Dramaturgo/Tradutor

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O Medo

Que não se confunde. Por existir se ganha
e nos pertence. Sílabas ou linguagem,
busca o centro nas mãos, nos olhos, o contacto
incessante. Percorre os muros da memória,

na penumbra da palavra se instala. Nada
partilha. Como um monólogo se mascara
de gemas, rumores e gotas de ervas. Flui
e estilhaça as pálpebras, domina as casas,

abala os sismos. Ara o corpo, viva árvore
em ascensão, ronda a pele e os jorros do ar.
Até que nos toma e molda o ventre, descobre

o preço diário da invisivel folhagem
solar. É o que se oculta. Livor, sílaba,
margem eterna da inicial prudência.

Orlando Neves, in "Decomposição - o Corpo"
// Consultar versos e eventuais rimas




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