Publicidade

Orlando Loureiro Neves

Portugal
11 Set 1935 // 24 Jan 2005
Escritor/Poeta/Dramaturgo/Tradutor

Publicidade

Só de Restos se Consagra o Tempo

Só de restos se consagra o tempo, força
cerrada na inutilidade destas
cores campestres, quando o sol em Novembro
escurece os sobreiros. Só de restos me
espera a cerimónia de viver,
trânsito e transigência do silêncio,
ocultado no meu corpo. Só de restos
o trespassa o tempo, máscara e manto. Morro
muito antes da morte, sem saber se os anjos
foram gaivotas hirtas no piedoso
musgos dos rios ou se hão-de ser maçãs
ou ciência, loendros ou lembrança,
inocentes, lúcidos sonos ou oblata
de seda, a deus cedida, em pagamento
da paz. Só do que chega ao fim, se corrompe
e apodrece, se imagina o princípio,
a majestade das coisas, o silêncio
irrevelado que o corpo desconhece.

Orlando Neves, in "Mar de que Futuro"
// Consultar versos e eventuais rimas




Publicidade

Publicidade

Publicidade

Inspirações

Amor Microscópico

Publicidade

© Copyright 2003-2025 Citador - Todos os direitos reservados | SOBRE O SITE