O Amor triunfa.
O branco e o verde do amor estendem-se nas margens de um lago,
A orgulhosa majestade do amor encontra-se numa torre ou varanda;
O amor é jardim e deserto inexplorado,
O amor é nosso amo e senhor.
Não é uma sensual decadência da carne,
Nem o ruir do desejo, quando o desejo e o eu entram em guerra;
Nem é a carne que se rebela contra o espírito.
O amor não se revolta.
Apenas deixa o caminho percorrido pelos antigos destinos preferindo ir pelo bosque sagrado, para cantar e dançar o seu segredo à eternidade.
O amor é juventude sem amarras,
É virilidade liberta de arrogância,
É feminilidade aquecida pela chama,
E brilha com a luz de um céu bem mais profundo que o nosso céu.
Amor é um riso distante do espírito.
É um assalto selvagem que desassossega até ao despertar.
É uma nova aurora sobre a terra,
Um dia ainda não alcançado pelos vossos olhos nem pelos meus,
Mas já alcançado no enorme coração dos que o vivem.
Irmãos, meus irmãos,
A noiva vem do coração do amanhecer,
E o noivo do pôr-do-sol.
Há um casamento no vale.
Este é um dia demasiado grande para se poder recordar!
Khalil Gibran, in 'O Grande Livro do Amor (tradução de José Luís Nunes Martins)'